quinta-feira, 5 de março de 2015

crescer...

crescer...

...acho que se olhar para o tempo vai parecer que tenho cinco anos, que ainda estou no pátio de casa brincando debaixo das árvores a espera dos meus pais virem para o almoço ou chegarem no final da tarde.
Olhando para trás vejo que muito ficou por dizer, acho que sempre fica algo para dizer quando parte alguém, e nem sei bem ao certo o que diria...será que alguém sabe o que diria se soubesse ser aquele o último momento?
Todos os dias digo para as minhas filhas e para o meu marido, para os meus irmãos e amigos, que os amo... amo tanto que preciso dizer sempre para que tenham presente dentro deles como uma impressão indelével que nunca se apagará mesmo quando eu lá não estiver.
Acho que a perda de alguém é um crescer diferente... é um deixar ir o que já não pode ficar... é uma dor e por vezes um alívio... mas que nos faz crescer disto não tenho dúvida alguma.
Quando a minha filha mais velha perdeu o primeiro dente fiquei feliz por ela, porque estava crescendo... mas depois soube claramente que aquele era o primeiro sinal de que ela estava cruzando as barreiras da própria vida e do crescer.
Hoje vejo a minha mãe partindo aos poucos, pela idade, pela saúde, pelas escolhas... pela vida... é um cruzar de outras barreiras que como as barreiras dos que nascem, vivem e morrem nada se pode fazer que não seja estar ali.
Agora é suposto eu ser a crescida e forte e ela a figura mais frágil, mas como viver isto sem ter que crescer muito e tal forma que não há espaço para pedir colo e dizer que tudo bem, o que quer que seja, tudo bem...?
Acho que a vida pode preparar para muitas coisas, nos ensinam a estudar, lutar, semos fortes, justos, honestos, bons filhos, bons amigos, bons profissionais, bons pais... mas onde foi que nos ensinaram que crescer poderia implicar muito mais do que fazer escolhas, mas de aceitar escolhas e aceitar a temporalidade de tudo?
Sempre ouvi a minha mãe dizer que estaria ali para mim, embora nem sempre estivesse fisicamente certamente estava lá dentro de mim. É o que se chama de onipresença...risos... é como dizem as minhas filhas mas você sabe de tudo o que fazemos ou nos acontece... risos... é radar de mãe!
Mãe tem este radar que nasce junto com a primeira célula embrionária do filho e sabe lá quando se apaga... o radar da minha mãe é afinado até raiar o minuto da coisa e embora nem sempre seja fácil viver com isto...risos... é muito bom.
Então de volta ao tema... crescer é um estado de espírito de quem vive de fato a vida, de quem está aqui para as curvas todas da estrada... nada fácil mas importante, porque no final é esta maturidade de dizer para o seu filho que vá ser feliz na vida pois tudo passa num piscar de olhos e de filhos passamos a pais, de pais a avós... e de repente estamos de partida.
Tem horas que ainda estou debaixo das árvores brincando com os amigos imaginários, com o sol queimando a pele, a brisa soprando e os sons dos meus pais chegando em casa e querendo saber das nossas vidinhas...
Porque nem sempre crescer é facil, hoje estou aqui criando forças para crescer mais um pouco.
E a todos que estão buscando esta força digo que com fé, amigos e lembranças a gente chega lá.
Abraço,
Jaqueline Reyes


Escrito por Jaqueline Reyes às 14h08
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até quando caminhar...

...um passo de cada vez, quando fazemos longas caminhadas aprendemos a ver só o próximo passo, não os próximos metros ou o quanto já caminhamos, mas focar no próximo passo.
Há três anos venho aprendendo ou re-aprendendo, ainda fico na dúvida sobre um ou outro...risos..., a focar só no próximo passo e não tentar planear muito ou criar expectativas para além das possíveis ou fáceis de serem realizadas como acordar, comer, falar, buscar filhas no colégio ou ir ter com algumas poucas pessoas que conheço aonde estou a viver no momento.
Para uma organizadora compulsiva que planeou a vida sempre com antecedência é uma lição por vezes dura, e já pensei muito se seria pelo controle ou pelo medo ou ainda pela pouca fé. Mas quem conhece-me sabe que gosto mesmo das coisas organizadas para poder aproveita-las, medo sempre tenho mas consigo avançar mesmo assim é a vida que nos faz ter esta coragem e a fé, bem posso ter muitas crenças ou nenhuma, mas acredito mesmo em Deus e no Universo como algo fantástico. Então fica a pergunta do motivo por ter que aprender a viver só no próximo passo, e veja não é nem plural pois passos seriam já muitas coisas pela frente...risos...
Aos poucos a vida vem ensinando que por mais que eu faça escolhas, assuma compromissos, aceite desafios, no final o tal do livre arbítrio é não um embuste total, mas uma livre escolha sobre escolhas já pré-determinadas, porque muito já estava escrito antes mesmo da gente ser célula embrionária... são as lições, karmas, aprendizados que priorizamos em cada vinda para cá. Sim sou reencarnacionista como crença o que ajuda a explicar muito, mas nem sempre saber ajuda na aceitação do que sabemos ou intuimos.
Já fui daquelas de meditar até cair para o lado para saber o que o futuro poderia me reservar, é o que muitos chamam de futuros prováveis que se pode acessar através de tecnicas como projeção astral ou meditação transcendental... hoje não quero saber o futuro, só quero a paz de poder aceitar o que quer que seja e força para as viver os sobrepor.
A fragilidade me toca, a alegria e a doença também recaem sobre os que amo... ano passado perdi o meu sogro, uma pessoa forte com uma história de vida interessante e que fez o melhor que pode com as possibilidades que tinha... foi um reviver a perda do meu pai, embora tenha sido mesmo duro, fiz por ele o que não pude fazer pelo meu pai. Naqueles dias cresci como pessoa, fortaleci a minha fé em Deus e no Universo, mas chorei que nem criança que perde alguém que ama.
Agora ando as voltas com as escolhas de outras pessoas que amo, mas que não consigo entender as escolhas feitas... sabe aquilo do "casa de ferreiro o espeto é de pau"? Assim ando eu, no meu trabalho ajudo muitas pessoas e amo o que faço, mas porque nem sempre conseguimos ajudar os que nos são mais próximos? Já se fez está pergunta?
Aprendi a não julgar ou subestimar as escolhas e dores de cada um, aprendi a não me julgar ou minimizar as dores que vivi ou vivo, simplesmente porque elas me fazem dar o próximo passo. Aceitar os meus limites enquanto pessoa me ajuda a atravessar as fases onde o julgamento de terceiros se faz presente, ninguém foi um juiz tão severo quanto eu mesma... faz parte da humanidade ser assim... hoje já aceito dizer não sem ficar com muitos pesares, já aceito que o outro não vai atingir a profundidade e a dificuldade de dizer aquele não... e tudo bem. Não sei o que se passa na vida ou na mente do outro, mas seja o que for tenho a certeza de que também não é fácil.
É preciso ir aceitando, não se resignando, mas aceitando as diferenças, as escolhas, as falhas e os acertos de cada um... e amar profundamente a si mesmo para ser capaz de amar ao outro.
Hoje vejo as minhas filhas vivendo este processo de auto-aceitação... é o cabelo que uma tem liso e a outra tem ondulado... é o pelinho nas pernas que é mais do que o da amiga... é o assim e o assado... nossa, como sobrevivemos a adolescência?!?
E quando vejo todo o filme acontecendo, vejo que no fundo a vida tem sido muito simpática comigo, não porque tirou-me as dores, mas porque deu-me modos de as viver e de as ultrapassar a fim de poder acompanhar outras vidas além da minha.
Então quando alguém faz a pergunta do "até quando caminhar"? Só posso responder que caminhamos enquanto estivermos com vida e a vida é maior que o corpo, que está existência... caminhamos porque parados nada fazemos, nada acrescentamos e rem tiramos... caminhamos porque em última instância é o nosso instinto nato.
Não desista de caminhar porque dói, porque perdeu alguém, porque os sonhos são diferentes da realidade... é justamente por tudo isto que caminhamos e vamos percorrendo outros caminhos até encontrar o nosso caminho, o nosso lugar no mundo. Acima de tudo caminhe com fé, mesmo quando tudo parece estar escuro, quando nem se vê onde os pés vão aterrar... caminhe porque de tudo o que pode fazer por você ou pela vida é caminhar!
Caminho da mesma forma que escrevo, por necessidade de expressão da alma.
Aquele abraço.


Escrito por Jaqueline Reyes às 17h28
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certo e errado...


Por vezes, parece que o tempo não passa e outras é tão rápido que quando vejo lá foi o dia e não escrevi o que queria… pode ser que ande na verdade fugindo de escrever já que escrever é uma forma de expor a alma.

Que alma é a que expomos quando fazemos ou não fazemos acontecer na vida?


Eu gosto quando as pessoas ou situações me fazem pensar, me fazem refletir sobre as motivações intrínsecas de cada um e de todos nós de certa maneira. Acho que é como fazer um balanço sobre nós mesmos, sobre as nossas sombras e luzes, sobre os nossos ideais e as nossas ações diárias, a ambiguidade de sermos gente.


Até que ponto podemos ou devemos compactuar com o “certo” e o “errado”, até onde vai a aceitação ou a fé de que tudo está certo como está, de que há um plano maior para cada pessoa, mesmo aquelas que pensamos que não deveriam existir pelo mal que fazem?


Vemos injustiças de todas as formas e mais algumas, pois o ser humano consegue ser criativo no bem e no mal, mas qual é o nosso papel nisto tudo?


Bem, é aqui que começo a falar só de mim, passo para o singular, e simplesmente porque é a forma como vi ao longo da minha existência a vida acontecer.


A primeira vez que me dei conta clara da discrepância social foi na saída de uma revistaria em Foz e foi ver um pai com um criança no colo a pedir por algo para comer, ele não pedia dinheiro, ele pedia comida. Nesta altura eu tinha cerca de 9 ou 10 anos e cheguei na minha casa aos prantos porque alguém precisava fazer algo para o ajudar, e lá fui eu com o meu pai a procura do senhor com a criança para ajudar, mas graças a Deus outro também tinha se compadecido e ajudado. Acho que foi a primeira vez que questionei Deus e a justiça divina, claro que dentro da minha compreensão e educação bem católica.


Lembro da cara do meu pai tentando me explicar que haviam escolhas, que as pessoas as vezes faziam más escolhas e acabavam por pagar o preço delas, ele não queria falar contra o sistema ou fé, mas precisava me fazer entender que tudo tinha um preço a ser pago.


Confesso que levei um tempo para entender o que ele quis me dizer, então passei a ser durante muitos anos contestadora, pensava em mil soluções práticas para as situações e crises… de contestadora a inconformista, sempre buscando por uma solução, não me interessava o problema mas a solução. E claro que com esta busca por soluções passei por contestar Deus, depois por tentar entender como Ele podia deixar acontecer as barbáries todas… busquei aprender sobre outras formas de ver e viver Deus para quem sabe ter alguma luz.


Mas como sabe a vida passa, a gente aos poucos não perde o idealismo mas aprende a viver o melhor que pode com o que se pode ou o que se tem disponível. Crescer num país onde a instabilidade financeira pode levar uns ao buraco e outros aos pícaros do céu num segundo, é aprender que não há segurança em nada que não seja você mesmo e o que faz na vida.


Então comecei a entender algo que é tão claro mas tão difícil de ver, ou talvez de aceitar com a nossa visão limitada da vida ou do Universo, que para haver o preto é preciso o branco, para haver o bom o mal precisa estar presente também, finalmente o conceito da dualidade e complementaridade fizeram-se luz dentro da minha consciência, dentro da minha forma de ver e viver a vida.


Não concordo com os abusos, com a fome, com a mortandade, com a ganância, com a violência seja do tipo que for e contra quem quer que seja, mas percebo que ela tem um papel importante para muitos e não pelo sofrimento que trazem junto mas pela possibilidade de crescimento e evolução. Finalmente deixei de brigar com Deus e passei a lutar pelo ser humano.


A necessidade de ajudar, de fazer a diferença, de buscar solução para mim mesma e para os que me cercam, a certeza de que se fizer a minha parte um dia seremos muitos a fazerem o que é devido e então poderemos fazer a curva que nos colocará no paraíso terreno… pode ser utópico em demasia para muitos, mas não dá para compactuar com o negativo pois seria dar poder as sombras e acredito na Luz.


Nunca fez parte do meu ser compactuar com o aquilo que considero “errado” como o papel de vítima por exemplo, posso ajudar a encontrar formas para sair do buraco mas não posso fazer o caminho de ninguém. Posso fazer muito para quem quer ser ajudado, mas nada posso para além de rezar por aquele que ainda não vê a necessidade de se ajudar.


Esta semana me fizeram uma pergunta sobre o que fazer quando vemos os demais de certa forma “matando” o seu próximo com medicamentos ou ações abusivas de confiança. Primeiro quero agradecer a dona da pergunta, pois me fez ter vontade de escrever de novo, algo que já fazia tempo não realizava e que adoro… enfim, a minha resposta foi dá o seu melhor, esclarece o que puder ou com quem puder, mas não espere que estas pessoas acordem do dia para noite, pois elas ainda estão numa fase onde a sombra é mais do que forte, a sombra é necessária aos que as procuram.


É certo deixar que isto se perpetue? É certo deixar um traficante pelas ruas matando centenas e centenas de pessoas? É certo deixar um violador nas ruas? E ladrões assassinos? É certo deixar um líder de país dizimar uma nação?


Bem, não é uma questão de certo é uma questão de necessário. Eles são necessários para a própria evolução e para a evolução da humanidade. Quem busca pela sombra vai encontra-la de uma forma ou de outra, pois precisa dela como precisamos de ar para respirar, então acabar com esta “raça” não vai resolver. O que vai resolver é cada um fazer o seu melhor, procurar ser o mais correto que possa com tudo e todos, especialmente consigo mesmo. O exemplo pode mudar o mundo, a palavra pode mudar umas quantas vidas, então o mais efetivo é o exemplo é a atitude.


Deus não dorme, Ele só nos dá o que precisamos para sermos melhores, ainda que não compreendamos muito bem.


A fé se constrói com confiança e positividade, o resultado deste trabalho é um ser humano melhor que altera um grupo, o grupo altera uma comunidade, uma comunidade altera uma cidade, uma cidade pode alterar um país e assim por diante.


Hoje vejo o mundo com maior pragmatismo, pois é preciso fazer, atuar, dar o nosso melhor em tudo se queremos viver num local melhor. Não vou mudar toda gente, vou me mudar. Não vou falar para toda gente, mas para aqueles que querem ouvir, não dá para perder tempo, já não tenho todo este tempo. Hoje trabalho para quem quer ser ajudado, para os demais eu rezo, envio Reiki e boas energias para que um dia, se for caso disto, despertem.


E pelo meio do caminho ainda fico inconformada, indignada, ainda discuto com Deus e com o homem…risos… estou só a meio da minha própria transformação…risos… então compreendo que as minhas sombras ainda estão aqui para serem trabalhadas e atraio para mim o que ainda preciso de resolver.

Deus nos dá o que precisamos, mas nós atraímos também… então, se ainda se encontrar com pessoas e situações com as quais não concorda em nada, é porque pode ajudar a si mesma e evoluir, ou ajudar aos que te cercam por meio do exemplo a evoluir.  Seja como for, o resultado é uma só ação: trabalhar!


E com já cantava Raul Seixas: “…tenha fé em Deus, tenha fé na vida…tente outra vez!...”


Vamos tropeçar pois faz parte do caminho, vamos rir e chorar pois faz parte do viver, vamos pensar em desistir pois faz parte da sombra, e vamos finalmente levar os olhos e seguir em frente com força de vontade pois faz parte da nossa Luz.


Que a gente possa sempre erguer-se toda vez que tropeçarmos, e que a gente possa sempre se indignar para podermos buscar as soluções e melhorarmo-nos e fazermos a diferença na vida.


Boa semana. Abraço,

 Jaqueline Reyes


Escrito por Jaqueline Reyes às 16h49

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