quinta-feira, 5 de março de 2015

mudar é preciso...


Mudar é preciso...

Quando olho para a trás na vida percebo que todas as mudanças que ocorreram foram em última instância processos que por vezes foram doloridos, lentos, quiça até difíceis ou não mas que me conduziram num crescer. Crescer como pessoa, crescer como mulher, crescer como profissional, crescer como amiga, crescer como companheira, crescer como filha e depois como mãe... todas as mudaças sem exceção me levaram a crescer querendo ou não.
Mudar é um processo que nos faz despir não só o corpo, mas despir a alma. Nos obriga a rever tudo, dos conceitos aos sentimentos, da matéria ao espírito... parace que todas as caixinhas internas são reviradas, são mexidas, são tocadas... não há como mudar sem abrir tudo para criar espaços, para deixar ir, para olhar para tudo aquilo e reviver, repensar...
E nesta fase de re-ver, ver de novo, percebo o muito que caminhei, o muito que ainda tenho que deixar ir... e deixar ir o medo de mudar, o medo do que a mudança pode trazer ou tirar agora não só da minha pessoa, mas dos que amo. Parece que este processo "piora" ou fica mais"duro" quanto mais gente estiver envolvida nele. Por que aí não são só os nossos sentimentos, medos e esperanças, mas daqueles que nos tocam também.
Como pessoa não se chega aos 45 anos sem ter mudado muito, sem ter ganhado e perdido muito, a vida não nos permite isto.
Como mãe é perceber que há muito que posso fazer, mas ainda há mais do que nada ou pouco posso fazer, e então vem um exercício de entrega, de fé e de aceitação que é maior do que a vida. Não dá para mudar sem ter dúvidas e certezas, sem ter medos e esperanças, sem acreditar ou minimamente esperar que seja para melhor.
Álias, sempre acreditei que mudanças são para melhor sempre, ainda que não percebamos muito bem isto no começo. Mas depois de atravessar o túnel escuro, de quem já não está num ponto e ainda não chegou no outro, sempre tem-se aquela sensação de que foi bom, de que valeu a pena.
Acho que mudar para cada um tem um significado, um modo de acontecer que vai desde o suave até o radical, depende das resistências e apegos de cada fase da vida... mas independente do significado tem etapas que não se pulam.
A etapa do querer ou desejar mudar, é um misto de sentimentos que nos invadem gerando uma insatisfação, uma sensação de que algo não está completo, de que o corpo, a mente ou o espiríto precisam de mais qualquer "coisa". E nesta etapa ansiamos ou desejamos mudar algo, por vezes nem se sabe direito o que se quer mudar, ou o que precisa ser mudado. Mas a necessidade está ali presente e tomando forma.
Então o Universo percebe isto, e aqui sempre me pergunto se ele percebe isto antes de nós mesmos e nos inspira a isto, ou se percebe o que sentimos e então começa a soprar os ventos para tal acontecimento. Seja como for parece que tudo vai se encaixando ou desencaixando... mas fato é que os ventos da mudança agitam criam ondas que nos fazem nos mexer.
Não dizem que por vezes só aprendemos a nadar quando a água bate no nosso traseiro?
Quando a água está bem perto, começa a etapa do qual a direção seguir, é o tomar consciência do que de fato queremos ou precisamos mudar. Aqui é preciso humildade, uma humildade de quem se conhece e conhecendo-se desta maneira mais profunda ou honesta, entende que atingiu um limite ou patamar que requer expansão ou simplesmente abrir mão do controle. A pessoa humilde aceita que é hora, aceita que há o tempo de plantar e o de colher, o de nascer e o de morrer. Neste ponto de norte a chave é a honestidade e a prioridade, porque o ego pode se disfarçar de humildade e aceitação, daqueles estados de absoluta abnegação que depois se transformará num agente cobrador de tudo e de todos.
Saber qual é o seu norte, é já ter alguma consciência de quem se é, do que se quer ou pelo menos saber o que não se quer de todo. Grande passo este de saber o que não se quer.
Partimos da necessidade para o norte, mas então entra o compasso de espera, qual é o tempo certo para cada mudança? Quando mudar? Perguntas e mais perguntas, é a etapa do medo. O medo existe não como uma sombra que deveria aterrorizar, mas como um sentimento que nos faz questionar. E se tem uma coisa que é muito importante numa mudança é de fato a capacidade de racionalizar tudo, de pesar tudo, de pensar tudo, de questionar tudo e todos... não dá para entrar num barco de mudança sem estar com os olhos bem abertos. Do contrário o baque emocional e físico podem ser demasiados, e sem estas estruturas mudar se transforma em dor que pode se tornar insustentável.
Passado este tempo do medo, da noite escura da alma, finalmente vê-se alguma luz surgir, a etapa da esperança e criação. Nesta etapa ainda não estamos de todo sem as marcas do "medo" mas já se comece a perceber que o "objeto" do desejo de mudar afinal era algo pertinente. Vem um alívio junto com esta contestação, porque ninguém parte para uma mudança sem ter alguém que nos fique a paulatinamente dizer: será? Olha que lá pode ser pior? O desconhecido é desconfortável?
Parece que o medo que havia dentro de nós fica ali sendo reprisado e repetido por aquele ou aqueles seres de uma forma a minar o estabelecer da etapa da esperança e criação. Então ficamos entre o que queremos e o que já temos. A etapa da escolha clara e definitiva de embarcar ou não no mudar.
Quando se chega nesta etapa da escolha, tem algo interessante, porque quando a acolhemos é uma sensação poderosa de liberdade, de poder, de que tudo podemos. Mas precisamos de estar atentos para não criar ilusões.
Confesso que sou mental para tudo isto, tenho sempre mil perguntas e dúvidas, mil planos e processos...risos... sou a mulher da organização e do controle. E talvez por isto mesmo mudar para mim precisa de ser algo que eu possa minimamente organizar.
E na etapa da escolha a chave é a organização e a fé. É preciso muita fé para dar este passo definitivo de mudar. Porque não sabemos de todo o que nos espera do outro lado da ponte, do outro lado do rio... temos a impressão de que pode ser tudo de bom, mas também temos a sombra do medo dizendo: será?!
Ultrapassadas estas fases todas vem uma que é preciosa, é hora de desapegar, de deixar ir, de dizer adeus... o desapegar já é mais fácil, os anos ajudam nisto. O deixar ir já é um pouco mais complexo porque a idade também nos diz que nem sempre voltamos a ver este ou aquele personagem, tudo mudará e deixar ir é aceitar que tudo muda. Dizer adeus é o misto do desapego com o deixar ir só que numa base muito mais emocional, passional, porque envolvem pessoas que amamos ou não. É aqui que fica o que tem que ficar e parte o que precisa partir, não é processo doce ou suave, é talvez depois da noite escura da alma, a etapa que mais requer fé e amor. Um amor maior do mundo por você mesmo, pela vida, pela esperança de dias melhores.
Estamos quase no final da ponte onde voltar já não é possível e agora é sempre em frente. Avante soldados! Somos soldados das nossas vidas, somos os que lutam para sermos melhores, mais felizes mais realizados.
Quando cruzamos mesmo a linha de chegada que é a etapa do estabelecer-se precisamos estar inteiros, o que nem sempre ocorre porque entre um passo e outros de uma etapa para outra, vamos nos perdendo e achando, vamos nos fortalecendo e enfraquecendo... é a dualidade no seu melhor. Mas chegar do outro lado nos faz ver a luz de novo, é como o nascer do dia que traz esperanças, que traz uma brisa suave de quem diz: bem vindo!
Então, olhamos para trás e percebemos que tal e qual o conto de Platão sobre a caverna, a gente tinha medo de mudar, mas ao aceitar o desafio crescemos muito e temos muito para contar, temos em nós memórias que não possuem preço e que vão contar muito quando só que tivermos forem as memórias do que vivemos.
Sim, mudar dá medo, um medo que nem sempre é facil de se ultrapassar, que nos faz guerrear com Deus e o mundo, até nos rendermos humildemente as evidências de que tudo acontece por obra divina. E somos deuses em ação. Somos frutos das nossas escolhas e escolher mudar é vencer a nós próprios primeiro, e tornar a fé não um ato isolado de oração, mas uma atitude permamente de confiança de que Deus sempre olha por nós.
Hoje sinto que Deus olha por mim, olha pelos meus onde quer que eles estejam. Mas sempre que posso rezo e digo que seja para o nosso bem maior, porque não quero errar com ninguém muito menos com quem amo mais do que tudo.
Que Deus olhe por todos e por você também!


Escrito por Jaqueline Reyes às 05h16

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